Wednesday, April 6, 2011

Instituições e o Desenvolvimento Econômico de Longo Prazo

"Tropics, Germs and Crops", artigo de William Easterly e Ross Levine, apresenta uma visão interessante dos fatores que afetam o crescimento econômico de longo prazo (pense em séculos). A idéia geral é a de que fatores geográficos afetam o destino do país colonizado, mas somente através das instituições, ou seja: o clima, as condições de vida dos colonizadores, as riquezas naturais, a distância da metrópole, etc, ajudam a moldar a cultura, leis e outras instituições que definem um país, e são essas instituições que finalmente vão definir se o país se desenvolverá rapidamente ou não.

Fazendo uma simplificação um tanto ingênua, tente entender uma sociedade ou governo como se fossem indivíduos. As instituições, nesse caso, seriam o conjunto de características que ditam como será o comportamento desta pessoa, uma espécie de personalidade nacional, ditada pelas suas preferências e por alguns acontecimentos que marcaram sua vida.

No caso de países como Brasil, Gana, Congo, a mortalidade dos colonizadores era bem alta, o que se traduz em alto incentivo a não morar nesses locais.

Nos EUA, a história era diferente: a probabilidade de morrer ao chegar na colônia era bem menor, o que dava melhores incentivos para que os colonizadores se instalassem na região e tivessem uma mentalidade mais no estilo "viemos para ficar".

E o que eu, como uma sociedade, quero da colônia ao me instalar nesta nova região de uma vez por todas? Quero respeito à minha propriedade, isto é, que não seja permitida a apropriação, por qualquer indivíduo ou grupo deles, do que eu criei através do meu trabalho. E se esta sociedade estivesse sendo criada no Brasil ou África? Bom, a idéia não é se instalar neste local perigoso, então eu quero simplesmente extrair o máximo de riqueza possível para ter uma vida melhor quando voltar à metrópole. Portanto, uma colônia nesses lugares deveria ter instituições que assegurem a minha capacidade de extrair o máximo de riqueza que puder, e não deixe com que forasteiros (qualquer pessoa sem poder político ou que não seja da elite que cerca o governo) assim o faça.

Esses dois objetivos bem diferentes foram determinantes na forma com que as instituições foram moldadas no Brasil e nos EUA, estimulando um caráter imediatista no primeiro e uma mentalidade de longo prazo no segundo.

A questão que fica é: o quão difícil seria mudar as instituições que aqui estão? Seria possível mudar a sociedade e sua "personalidade", que hoje se mostra anacrônica por conta dos fatos e condições históricos que a moldaram? É possível fazê-lo em poucas gerações, ou em um período de tempo razoável? Será que a resposta é tão desanimadora quanto eu espero que seja?

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